A HISTÓRIA DA LAND ROVER NO BRASIL

Há um ano, foi inaugurada em Itatiaia (RJ) uma fábrica para montar os utilitários de luxo Range Rover Evoque e Discovery Sport. A história da Land Rover no Brasil, contudo, é mais antiga. Os primeiros exemplares importados do modelo Série I chegaram ao Brasil já em 1948 — o ano inicial da produção do 4×4 em Solihull. Na penúria do pós-guerra, os ingleses recebiam nossas laranjas como pagamento por seus veículos.

Em uma visita aos armazéns do porto do Rio, em junho de 1949, um repórter do Globo contou nada menos do que 84 Land Rover recém-desembarcados, contra 178 Jeep Willys, o rival de origem americana (cuja versão civil também era recente por aqui).

O representante das fábricas Rover e Jaguar no Rio e em todos os estados ao norte do então Distrito Federal era a Goodwin, Cocozza, S.A., que não demorou a montar uma enorme oficina na Rua Mogi Mirim, no bairro de Benfica, para cuidar da manutenção dos carros e fora-de-estrada das marcas inglesas.

Em 27 de abril de 1956, O Globo publicou uma reportagem sobre a implantação da indústria automobilística brasileira. Entre os projetos em andamento, havia o “Plano Amaral”, criado pelo empresário Mario Barros do Amaral, representante da Rover em São Paulo. Ele queria fabricar os Land Rover Série I no país — até os motores seriam feitos no Brasil.

Barros do Amaral, aliás, já tentara outra empreitada: fazer um jipe nacional, com desenho exclusivo e chassi baseado no do Land Rover. Chamado de Rural-1, não passou da fase de protótipo.

Os ingleses não quiseram investir na nacionalização, Barros do Amaral foi à falência e os Land Rover acabaram sem assistência técnica no país. Com o fechamento total das importações, em 1976, muitos 4×4 da marca acabaram ganhando motor de Opala para continuar rodando.

A marca caducou no INPI e a razão social “Land Rover do Brasil” acabou virou motivo de disputa: em 1990, o advogado Hilton Pereira II a registrou como sua. Ele afirmava que, graças a um acordo com a espanhola Santana (que montava Land Rover e Suzuki na Espanha), fabricaria os Range Rover Vogue em Magé, no Estado do Rio. Em 1991, porém, o nome foi devolvido aos britânicos, que retomaram as importações no país.

A partir de 1998, o Land Rover Defender foi montado pela Karmann-Ghia, em São Bernardo do Campo. O modelo chegou a ser fornecido em grandes quantidades às Forças Armadas do Brasil mas, em dezembro de 2005, a produção (que andava em torno de 50 unidades mensais) foi interrompida.

Para manter o clássico 4×4 em linha em 2006, seria preciso investir muito para adotar um motor que se enquadrasse nas novas regras de emissões do país. Além disso, a Land Rover tentou exportar os todo-terreno nacionais para os Estados Unidos, sem êxito. Achou melhor, então, não renovar o contrato de aluguel com a Karmann-Ghia. No total, foram montados cerca de 7 mil Defender em São Bernardo.

Em junho de 2016, enfim, a própria Jaguar Land Rover inaugurou sua fábrica em Itatiaia.

Fonte:  www.revistaautoesporte.globo.com

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